A PAZ DO SENHOR!

JERÔNIMO SAVONAROLA (1452-1498)

O povo de toda a Itália afluía, em número sempre crescente, a Florença. A famosa Duomo não mais comportava as enormes multidões. O pregador, Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a iminência do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção desenfreada na própria Igreja. O povo abandonou a leitura das publicações torpes e mundanas, para ler os sermões do ardente pregador : deixou os cânticos das ruas, para cantar os hinos de Deus. Em Florença, as crianças fizeram procissões, coletando as máscaras carnavalescas, os livros obscenos e todos os objetos supérfluos que serviam à vaidade. Com isso formaram em praça pública uma pirâmide de vinte metros de altura e atearam-lhe fogo. Enquanto o monte ardia, o povo cantava hinos e os sinos da cidade dobravam em sinal de vitória. Jerônimo era terceiro dos sete filhos da família. Nasceu de pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um famoso médico na corte do duque de Ferrara e os pais de Jerônimo planejavam que o filho ocupasse o lugar do avô. No colégio, era aluno esmerado. Mas os estudos da filosofia de Platão e de Aristóteles, deixara-lhe com a alma sequiosa. Foram sem dúvida os escritos de Tomaz de Aquino que mais o influenciaram ( a não ser as próprias Escrituras ) a entregar inteiramente o coração e a vida a Deus. Quando ainda menino, tinha o costume de orar e, ao crescer, o seu ardor em oração aumentou. A decadência da igreja, cheia de toda a qualidade de vícios e pecado, o luxo e a ostentação dos ricos em contraste com a profunda pobreza dos pobres, magoavam-lhe o coração. Passava muito tempo sozinho, nos campos e à beira do rio Pó, em contemplação perante Deus, ora cantando, ora chorando, conforme os sentimentos lhe ardiam no peito. Quando ainda jovem, Deus começou a falar-lhe em visões. A oração era sua grande consolação; os degraus do altar, onde se prostrava horas a fio, ficavam repetidamente molhados de suas lágrimas. Houve um tempo em que Jerônimo começou a namorar certa moça florentina. Mas quando ela mostrou ser desprezo alguém de sua orgulhosa família Strozzi, unir-se a alguém da família de Savonarola, Jerônimo abandonou para sempre a idéia de casar-se. Voltou a orar com crescente ardor. Enojado do mundo, desapontado acerca de seus próprios anelos, sem achar uma pessoa compassiva a quem pudesse pedir conselhos, e cansado de presenciar injustiças e perversidades que o cercavam, coisas que não podia remediar, resolveu abraçar a vida monástica. Ao apresentar-se no convento, não pediu o privilégio de se tornar monge, mas rogou que o aceitassem para fazer os serviços mais vis, da cozinha, da horta e do mosteiro. Na vida do claustro, Savonarola passava ainda mais tempo em oração, jejum e contemplação perante Deus. Sobrepujava todos os outros monges em humildade, sinceridade e obediência, sendo apontado para lecionar filosofia, posição que ocupou até sair do convento. Depois de passar sete anos no mosteiro de Bolongna, frei ( irmão ) Jerônimo foi para o convento de São Marcos, em Florença. Grande foi o seu desapontamento ao ver que o povo de florentino era tão depravado como os dos demais lugares.( Até então ainda não reconhecia que somente a fé em Deus salva o pecador ). Ao completar um ano no convento de São Marcos, foi apontado instrutor dos noviciatos e, por fim, designado pregador do mosteiro. Apesar de ter ao seu dispor uma excelente biblioteca, Savonarola utilizava-se cada vez mais da Bíblia como seu livro de instrução. Sentia cada vez mais o terror e a vingança do Dia do Senhor que se aproxima e, às vezes entregava-se a trovejar contra do púlpito contra a impiedade do povo. Eram tão poucos os que assistiam às suas pregações, que Savonarola resolveu dedicar-se inteiramente à instrução dos noviciados. Contudo, como Moisés, não podia escapar à chamada de Deus ! Certo dia, ao dirigir-se a uma feira, viu, repentinamente, em visão, os céus abertos e passando perante os seus olhos todas as calamidades que sobrevirão à igreja. Então lhe pareceu uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar estas coisas ao povo. Convicto de que a visão era do Senhor, começou novamente a pregar com voz de trovão. Sob a nova unção do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita com tanto ímpeto, que muitos dos ouvintes depois andavam atordoados sem falar, nas ruas. Era coisa comum, durante seus sermões, homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes romperem em veemente choro. O ardor de Savonarola na oração aumentava dia após dia e sua fé crescia na mesma proporção. Freqüentemente, ao orar, caía em êxtase. Certa vez, enquanto sentado no púlpito, sobreveio-lhe uma visão, durante a qual ficou imóvel por cinco horas, enquanto o seu rosto brilhava, e os ouvintes na igreja o contemplavam. Em toda a parte onde Savonarola pregava, seus sermões contra o pecado produziam profundo terror. Os homens mais cultos começaram então a assistir às pregações em Florença; foi necessário realizar as reuniões na Duomo, famosa catedral, onde continuou a pregar durante oito anos. O povo se levantava à meia-noite e esperava na rua até a hora de abrir a catedral. O corrupto regente de Florença, Lorenzo Medici, experimentou todas as formas: a bajulação, as peitas, as ameaças, e os rogos, para induzir Savonarola a desistir de pregar contra o pecado, e especialmente contra a perversidade do regente. Por fim, vendo que tudo era debalde, contratou o famoso pregador, Frei Mariano, para pregar contra Savonarola. Frei Mariano pregou um sermão, mas o povo não prestou atenção à sua eloqüência e astúcia, e ele não ousou mais pregar. Nessa altura, Savonarola profetizou que Lorenzo, o Papa e o rei de Nápoles morreriam dentro de um ano, e assim sucedeu. Depois da morte de Lorenzo, Carlos VIII, da França, invadiu a Itália e a influência de Savonarola aumento ainda mais. O povo abandonou a literatura torpe e mundana para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socorriam os pobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira, na " piazza " de Florença e queimou grande quantidade de artigos usados para alimentar vícios e vaidade. Não cabia mais, na grande Duomo, o seu imenso auditório. Contudo, o sucesso de Savonarola foi muito curto. O pregador foi ameaçado, excomungado e, por fim, no ano de 1498, por ordem do Papa, foi enforcado e queimado em praça pública. Com as palavras: " O Senhor sofreu tanto por mim ! " , terminou a vida de um dos maiores e mais dedicados mártires de todos os tempos. Apesar de ele continuar até a morte a sustentar muitos dos erros da Igreja Romana, ensinava que todos os que são realmente crentes estão na verdadeira Igreja. Alimentava continuamente a alma com a palavra de Deus. As margens das páginas da sua Bíblia estão cheias de notas escritas enquanto meditava nas Escrituras. Conhecia uma grande parte da Bíblia de cor e podia abrir o livro instantaneamente e achar qualquer texto. Passava noites inteiras em orações e foram-lhe dadas revelações quando em êxtase, ou por visões. Seus livros sobre " A Humildade ", " A Oração ", " O Amor ". etc.., continuam a exercer grande influência sobre os homens. Destruíram o corpo desse precursor da Grande Reforma, mas não puderam apagar as verdades que Deus, por seu intermédio, gravou no coração do povo . Martinho Lutero (1483-1546) – O Grande Reformador No cárcere, sentenciado pelo Papa a ser queimado vivo, João Huss disse: " Podem matar um ganso ( na sua língua, ' huss ' é ganso ), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar ". Enquanto caía a neve, e o vento frio uivava como fera em redor da casa, nasceu esse "cisne", em Eisbelen, Alemanha. No dia seguinte, o recém-nascido era batizado na Igreja de São Pedro e São Paulo. Sendo dia de São Martinho, recebeu o nome de Martinho Lutero. Cento e dois anos depois de João Huss expirar na fogueira, o " cisne " afixou, na porta da Igreja em Wittenberg, as suas noventa e cinco teses contra as indulgências, ato que gerou a Grande Reforma. Para dar o valor devido à obra de Martinho Lutero, é necessário notar algo das trevas e confusão dos tempos em que nasceu. Calcula-se que, pelo menos, um milhão de albigenses foram mortos na França, a fim de cumprir a ordem do Papa, para que esses " hereges " fossem cruelmente exterminados. Wiclif, " a Estrela da Alva da Reforma " , traduzira a Bíblia para a língua inglesa. João Huss, discípulo de Wiclif, morrera na fogueira , na Boêmia, cantando hinos, nas chamas, até o último suspiro. Jerônimo de Praga, companheiro de Huss e também erudito, sofrera o mesmo suplício, pedindo ao Senhor que perdoasse seus pecados. João Wessália, notável pregador de Erfurt, fora preso por ensinar que a salvação é pela graça; seu frágil corpo fora metido entre ferros, onde morreu quatro anos antes do nascimento de Lutero. Na Itália, quinze anos depois de Lutero nascer, Savonarola, homem dedicado a Deus e fiel pregador da Palavra, foi enforcado e seu corpo reduzido a cinzas, por ordem da Igreja Romana. Em tempos assim, nasceu Martinho Lutero. Como muitos dos demais célebres entre os homens, era de família pobre. Os pais de Martinho, para vestir, alimentar e educar seus sete folhos, esforçaram-se incansavelmente. O pai trabalhava nas minas de cobre; a mãe, além do serviço doméstico, trazia lenha nas costas, da floresta. O pai de Martinho, satisfeitíssimo pelos trabalhos escolares do filho, na vila onde morava, mandou-o, aos treze anos, para a escola franciscana na cidade de Magdeburgo. Para conseguir a sua subsistência em Magdeburgo, Martinho era obrigado a esmolar pelas ruas, cantando canções de porta em porta. Seus pais, achando que em Eisenach passaria melhor, mandaram-no para estudar nessa cidade, onde moravam parentes de sua mãe. Porém esses parentes não o auxiliaram, e o moço continuou a mendigar o pão. Quando estava a ponto de abandonar os estudos, para trabalhar com as mãos, certa senhora de recursos, D. Úrsola Cota, atraída por suas orações na igreja e comovida pela humilde maneira de receber quaisquer restos de comida, na porta, acolheu-o entre a família. Pela primeira vez Lutero sentira fartura. Mais tarde, ele referia-se à cidade de Eisenach como a " cidade bem amada " . Quando Lutero se tornou famoso, um dos filhos da família Cota cursava em Wittenberg, onde Lutero o recebeu na sua casa. Logo depois, os pais de Martinho alcançaram certa abastança. O pai alugou um forno para fundição de cobre e depois passou a possuir mais dois. Foi eleito vereador na sua cidade e começou a fazer planos para educar seus filhos. Aos dezoito anos, Martinho ansiava estudar numa universidade. Seu pai, reconhecendo a idoneidade do filho, enviou-o a Erfurt, o centro intelectual do país, onde cursavam mais de mil estudantes. O moço estudou com tanto afinco que, no fim do terceiro semestre, obteve o grau de bacharel de filosofia. Com a idade de vinte e um anos, alcançou o segundo grau acadêmico e o de doutor em filosofia. Os estudantes, professores e autoridades prestaram-lhe significativa homenagem. Seu pai, desejoso de que seu filho se formasse em direito e se tornasse célebre, comprou-lhe a caríssima obra: " Corpus Juris " . Mas a alma de Lutero suspirava por Deus, acima de todas as coisas. Vários acontecimentos influenciaram-no a entrar na vida monástica, passo que entristeceu profundamente seu pai e horrorizou seus companheiros de universidade. Durante o ano de noviciato, antes de Lutero ser feito monge, os seus amigos fizeram de tudo para dissuadi-lo de confirmar esse passo. Os companheiros, que convidara para cearem com ele, quando anunciou a sua intenção de ser monge, ficaram no portão do convento dois dias, esperando que ele voltasse. Seu pai, vendo que seus rogos eram inúteis e que todos os seus anelantes planos acerca do filho iam fracassar, quase enlouqueceu. Quão grande, porém, era sua ilusão. Depois de procurar crucificar a carne pelos jejuns prolongados, pelas privações mais severas, e com vigílias sem conta, achou que, embora encarcerado em sua cela, tinha ainda de lutar contra os maus pensamentos. A sua alma clamava: " Dá-me santidade ou morro por toda a eternidade; leva-me ao rio de água pura e não a estes mananciais de águas poluídas; traze-me as águas da vida que saem do trono de Deus ! " Certo dia Lutero achou, na biblioteca do convento, uma velha Bíblia latina, presa à mesa por uma cadeia. Achara, enfim, um tesouro infinitamente maior que todos os tesouros literários do convento. Ficou tão embevecido que, durante semanas inteiras, deixou de repetir as orações diurnas da ordem. Então, despertado pelas vozes da sua consciência, arrependeu-se da sua negligência : era tanto o remorso, que não podia dormir. Apressou-se a reparar o seu erro: fê-lo com tanto anseio que não se lembrava mais de alimentar-se. Nessa altura, o vigário geral da ordem agostiana, Staupitz, visitou o convento. Era homem de grande discernimento, e devoção enraizada; compreendeu logo o problema do jovem monge; ofereceu-lhe uma Bíblia na qual Lutero leu que o " justo viverá da fé ". Por quanto tempo tinha ele anelado : " Oh ! se Deus me desse um livro destes só para mim ! " - e agora o possuía ! Na leitura da Bíblia achou grande consolação, mas a obra não poderia completar-se em um só dia. Ficou mais determinado do que nunca a alcançar paz para a sua alma, na vida monástica, jejuando e passando noites a fio sem dormir. Gravemente enfermo, exclamou : " Os meus pecados ! Os meus pecados ! " Apesar da sua vida ter sido livre de manchas, como ele afirmava e outros testificavam, sentia sua culpa perante Deus, até que um velho monge lhe lembrou uma palavra do Credo: " Creio na remissão dos pecados " . Viu então que Deus não somente perdoara os pecados de Daniel e de Simão Pedro, mas também os seus. Pouco tempo depois destes acontecimentos, Lutero foi ordenado padre. Depois de completar vinte e cinco anos de idade, Lutero foi nomeado para a cadeira de filosofia em Wittenberg, para onde se mudou para viver no convento da sua ordem. Porém a sua alma anelava pela Palavra de Deus, e pelo conhecimento de Cristo. No meio das ocupações de professorado, dedicou-se ao estudo das Escrituras, e no primeiro ano conquistou o grau de " baccalaureus ad biblia ". Sua alma ardia com o fogo dos céus; de todas as partes acorriam multidões para ouvir os seus discursos, os quais fluíam abundantemente e vivamente do seu coração, sobre as maravilhosas verdades reveladas nas Escrituras. Um dos pontos mais iluminantes da biografia de Lutero é a sua visita a Roma. Surgiu uma disputa renhida entre sete conventos dos agostianos e decidiram deixar os pontos de dissidências para o Papa resolver. Lutero sendo o homem mais hábil, mais eloqüente e altamente apreciado e respeitado por todos que o conheciam, foi escolhido para representar seu convento em Roma. Fez a viagem a pé, acompanhado de outro monge. Em Roma, visitou os vários santuários e os lugares de peregrinação. Numa certa ocasião, subindo a Santa Escada de joelhos, desejando a indulgência que o chefe da igreja prometia por esse ato, ressoaram nos seus ouvidos como voz de trovão, as palavras de Deus: " O justo viverá da fé " . Lutero ergueu-se e saiu envergonhado. Depois da corrupção generalizada que viu em Roma, a sua alma aderiu à Bíblia mais do que nunca. Ao chegar novamente ao convento, o vigário insistiu em que desse os passos necessários para obter o título de doutor, com o qual teria o direito de pregar. Lutero, porém, reconhecendo a grande responsabilidade perante Deus e não querendo ceder, disse: " Não é de pouca importância que o homem fale em lugar de Deus....Ah ! Sr. Dr., fazendo isto, me tirais a vida; não resistirei mais que três meses ". O vigário geral respondeu-lhe : " Seja assim, em nome de Deus, pois o Senhor Deus também necessita nos céus de homens dedicados e hábeis " . O coração de Lutero, elevado à dignidade de doutor em teologia, abrasava-se ainda mais do desejo de conhecer as Sagradas Escrituras e foi nomeado pregador da cidade de Wittenberg. Acerca da grande transformação da sua vida, nesse tempo, ele mesmo escreve: " Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência perturbada me mostrava que era pecador perante Deus. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores...Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo ( Rm 1: 17 ), porque queria saber o que Paulo ensinava. Contudo, depois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra : ' O justo viverá da fé '. Vi então que a justiça de Deus, nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus pela fé, como dádiva " . A alma de Lutero dessa forma saiu da escravidão; ele mesmo escreveu assim: " Então me achei recém-nascido e no Paraíso. Todas as escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo o que ensinavam sobre a ' justiça de Deus ' . Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do Paraíso ". Depois dessa experiência, pregava diariamente; em certas ocasiões, pregava até três vezes ao dia, conforme ele mesmo conta : " O que o pasto é para o rebanho, a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a cabra montês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis ". A luz do Evangelho, por fim, tomara o lugar das trevas e a alma de Lutero abrasava por conduzir os seus ouvintes ao Cordeiro de Deus, que tira todo o pecado. Lutero levou o povo a considerar a verdadeira religião, não como uma mera profissão, ou sistema de doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não era mais um exercício sem sentido, mas o contato do coração com Deus que cuida de nós com um amor indizível. Nos seus sermões, Deus revelou o seu próprio coração a milhares de ouvintes, por meio do coração de Lutero. A fama do jovem monge espalhou-se até longe. Entretanto, sem o reconhecer, enquanto trabalhava incansavelmente para a igreja, já havia deixado o rumo liberal que ela seguia em doutrinas e práticas. "Em outubro de 1517, Lutero afixou a porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, as suas 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência ". Lutero afixou as teses ou proposições para um debate público, na porta da Igreja, como era costume nesse tempo. Mas as teses, escritas em latim, foram logo traduzidas em alemão, holandês e espanhol. Antes de decorrido um mês, para a surpresa de Lutero, já estavam na Itália, fazendo estremecer os alicerces do velho edifício de Roma. Foi desse ato de afixar as 95 teses na Igreja de Wittenberg, que nasceu a Reforma Protestante, isto é, que tomou forma o grande movimento de almas que em todo o mundo ansiavam voltar para a fonte pura, a Palavra de Deus. Contudo Lutero não atacara a Igreja Romana, mas antes, pensou fazer defesa do Papa contra os vendedores de indulgências. Em agosto de 1518, Lutero foi chamado a Roma para responder a uma denúncia de heresia. Contudo, o eleitor Frederico não consentiu que fosse levado para fora do país; assim Lutero foi intimado a apresentar-se em Augsburgo. " Eles te queimarão vivo ", insistiram seus amigos. Lutero, porém, respondeu resolutamente: " Se Deus sustenta a causa, ela será sustentada ". A ordem do núncio do Papa em Augsburgo foi: " Retrata-se ou não voltará daqui ". Contudo Lutero conseguiu fugir, passando por uma pequena cancela no muro da cidade, na escuridão da noite. Ao chegar de novo em Wittenberg, um ano depois de afixar as teses, era o homem mais popular em toda a Alemanha. Não havia jornais nesse tempo, mas fluíam da pena de Lutero respostas a todos os seus críticos para serem publicadas em folhetos. O que escreveu dessa forma, hoje seriam cem volumes. Quando a bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou em Wittenberg, Lutero respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, no nome do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora do muro da cidade de Wittenberg, perante grande ajuntamento do povo. Porém, o imperador Carlos V, que ia convocar sua primeira Dieta na cidade de Worms, queria que Lutero comparecesse para responder, pessoalmente, aos seus acusadores. Os amigos de Lutero insistiram em que recusasse ir.- " Não fora João Huss entregue a Roma para ser queimado, apesar da garantia de vida por parte do imperador ?! " Mas em resposta a todos que se esforçavam por dissuadi-lo de comparecer perante seus terríveis inimigos, Lutero, fiel a chamada de Deus, respondeu : " Ainda que haja em Worms, tantos demônios como quantas sejam as telhas nos telhados, confiando em Deus, eu aí entrarei ". Depois de dar ordens acerca do trabalho, no caso de ele não voltar, partiu. Na sua viagem para Worms, o povo afluía em massa para ver o grande homem que teve coragem de desafiar a autoridade do Papa. Em Mora, pregou ao ar livre, porque as igrejas não mais comportavam as multidões que queriam ouvir seus sermões. Ao avistar as torres das igrejas de Worms, levantou-se na carroça em que viajava e cantou o seu hino, o mais famoso da Reforma: " Ein Feste Berg ", isto é : " Castelo forte é o nosso Deus " . Ao entrar, por fim, na cidade, estava acompanhado de uma multidão de povo muito maior do que fora ao encontro de Carlos V . No dia seguinte foi levado perante o imperador, ao lado do qual se achavam o delegado do Papa, seis eleitores do império, vinte e cinco duques, oito margraves, trinta cardeais e bispos, sete embaixadores, os deputados de dez cidades e grande número de príncipes, condes e barões. Sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembléias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite anterior de vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutando com Deus, chorando e suplicando. Quando, na assembléia, o núncio do Papa exigiu de Lutero, perante a augusta assembléia, que se retirasse, ele respondeu : " Se não me refutardes pelo testemunho das Escrituras, ou por argumentos - desde que não creio somente nos papas e nos concílios, por ser evidente que já muitas vezes se enganaram e se contradisseram uns aos outros - a minha consciência tem de ficar submissa à Palavra de Deus. Não posso retratar-me, nem me retratarei de qualquer coisa, pois não é justo nem seguro agir contra a consciência. Deus me ajude ! Amém ". Apesar de os papistas não conseguirem influenciar o imperador a violar o salvo-conduto, para que pudesse queimar na fogueira o assim chamado " herege ", Lutero teve de enfrentar outro grave problema. O edito de excomunhão entraria imediatamente em vigor; Lutero por causa da excomunhão, era criminoso e, ao findar o prazo do seu salvo-conduto, devia ser entregue ao imperador; todos os seus livros deviam ser apreendidos e queimados; o ato de ajudá-lo em qualquer maneira era crime capital. Mas para Deus é fácil cuidar dos seus filhos. Lutero, regressando a Wittenberg, foi repentinamente rodeado num bosque por um bando de cavaleiros mascarados que, depois de despedirem as pessoas que o acompanhavam, conduziram-no, alta noite, ao castelo de Wartburgo, perto de Eisenach. Isto foi um estratagema do príncipe de Saxônia para salvar Lutero dos inimigos que planejavam assassiná-lo antes de chegar a casa. No castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; tomou o nome de cavaleiro Jorge e o mundo o considerava morto. Contudo, no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe concedido a liberdade de escrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade de literatura, que essa obra saía da sua pena e que, de fato, Lutero vivia. O reformador conhecia bem o hebraico e o grego e em três meses tinha vertido todo o Novo Testamento para o alemão - em poucos meses mais a obra estava impressa e nas mãos do povo. Cem mil exemplares foram vendidos, em quarenta anos, além das cinqüenta e duas edições impressas em outras cidades. Era circulação imensa para aquele tempo, mas Lutero não aceitou um centavo de direitos. A maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora de dar ao povo alemão a Bíblia na sua própria língua - depois de voltar a Wittenberg. O seu êxito em traduzir as Sagradas Escrituras para o uso dos mais humildes, verifica-se no fato de que, depois de quatro séculos, sua tradução permanece como a principal. Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resolveu deixar por completo a vida monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra do claustro, por ver que tal vida é contra a vontade de Deus. O vulto de Lutero sentado ao lume, com a esposa e seis filhos que amava ternamente, inspira os homens mais que o grande herói ao apresentar-se perante o legado em Augsburgo. Nas suas meditações sobre as Escrituras, muitas vezes se esquecia das refeições. Ao escrever o comentário sobre o Salmo 23, passou três dias no quarto comendo somente pão e sal. Quando a esposa chamou um serralheiro e quebraram a fechadura, acharam-no escrevendo, mergulhado em pensamentos e esquecido de tudo em redor. É difícil concebermos a magnitude das coisas que devemos atualmente a Martinho Lutero. O grande passo que deu para que o povo ficasse livre para servir a Deus, como Ele mesmo ensina, está além da nossa compreensão. Era grande músico e escreveu alguns dos hinos mais espirituais cantados atualmente. Compilou o primeiro hinário e inaugurou o costume de todos os assistentes aos cultos cantarem juntos. Insistiu em que não somente os do sexo masculino, mas também os do feminino fossem instruídos, tornando-se, assim, o pai das escolas públicas. Antes dele, o sermão nos cultos era de pouca importância. Mas Lutero fez do sermão a parte principal do culto. Ele mesmo servia de exemplo para acentuar esse costume: era pregador de grande porte. Considerava-se como sendo nada; a mensagem saía-lhe do íntimo do coração: o povo sentia a presença de Deus. Em Zwiekau pregou a um auditório de 25 mil pessoas na praça pública. Calcula-se que escreveu 180 volumes na língua materna e quase um número igual no latim. Apesar de sofre de várias doenças, sempre se esforçava dizendo : " Se eu morrer na cama será uma vergonha para o Papa ": Os homens geralmente querem atribuir o grande êxito de Lutero à sua extraordinária inteligência e aos seus destacados dons. O fato é que Lutero também tinha o costume de orar horas a fio. Dizia que se não passasse duas horas de manhã orando, recearia que Satanás ganhasse a vitória sobre ele durante o dia. Certo biógrafo seu escreveu : " O tempo que ele passa em oração, produz o tempo para tudo que faz. O tempo que passa com a Palavra vivificante enche o coração até transbordar em sermões, correspondência e ensinamentos ". Encontra-se o seguinte na História da Igreja Cristã, por Souer, Vol, 3, pág. 406 : " Martinho Lutero profetizava, evangelizava, falava línguas e interpretava; revestido de todos os dons do Espírito " . Nos seus sessenta e dois anos pregou seu último sermão sobre o texto: " Ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos " . No mesmo dia escreveu para a sua querida Catarina : " Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e Ele te susterá. Amém ". Isso foi na última carta que escreveu. Vivia sempre esperando que o Papa conseguisse executar a repetida ameaça de queimá-lo vivo. Contudo não era essa a vontade de Deus : Cristo o chamou enquanto sofria dum ataque do coração, em Eisleben, cidade onde nascera . São estas as últimas palavras de Lutero : " Vou render o espírito ". Então louvou a Deus em alta voz : " Oh ! meu Pai celeste ! meu Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem creio e a quem preguei e confessei, amei e louvei ! Oh ! meu querido Senhor Jesus Cristo, encomendo-te a minha pobre alma. Oh ! meu Pai celeste ! em breve tenho de deixar este corpo, mas sei que ficarei eternamente contigo e que ninguém me pode arrebatar das tuas mãos ". Então, depois de recitar João 3: 16 três vezes, repetiu as palavras: " Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, pois tu me resgataste, Deus fiel ". Assim fechou os olhos e adormeceu. Um imenso cortejo de crentes que o amavam ardentemente, com cinqüenta cavaleiros à frente, saiu de Eisleben para Wittenberg; passando pela porta da cidade onde o reformador queimara a bula de excomunhão, entrou pelas portas da Igreja onde, há vinte e nove anos, afixara suas 95 teses. No culto fúnebre, Bugenhangen, o pastor, e Melancton, inseparável companheiro de Lutero, discursaram. Depois abriram a sepultura, preparada ao lado do púlpito, e ali depositaram o corpo. Quatorze anos depois, o corpo de Melancton achou descanso do outro lado do púlpito. Em redor dos dois, jazem os restos mortais de mais de noventa mestres da universidade. As portas da Igreja do Castelo, destruídas pelo fogo no bombardeio de Wittenberg em 1760, foram substituídas por portas de bronze em 1812, nas quais estão gravadas as 95 teses. Contudo, este homem que perseverou em oração, deixou gravadas, não no metal que perece, mas em centenas de milhões de almas imortais, a Palavra de Deus que dará fruto para toda a eternidade. (Extraido da Internet)

CIENTISTAS DATAM PELA PRIMEIRA VEZ ESTRUTURA CITADA EM TEXTOS BÍBLICOS

Pela primeira vez na História, especialistas conseguiram datar com precisão uma estrutura descrita na Bíblia. Segundo cientistas israelenses, o Túnel Siloam, que passa sob Jerusalém, foi escavado há 2.700 anos, como asseguram os relatos bíblicos. A passagem de meio quilômetro foi construída por baixo dos antigos muros de Jerusalém. Segundo a Bíblia, o túnel foi escavado pelo rei Ezequias em 700 a. C. para levar água da fonte de Gihon até a cidade, o que garantiria o abastecimento mesmo em tempos de guerra. Uma equipe de pesquisadores coordenada por Amos Frumpkin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, confirmou a data da construção do túnel. O estudo foi publicado na revista “Nature”. — É muito raro se ter estruturas mencionadas na Bíblia que tenham sido confirmadas por datação independente — afirmou Frumpkin. — Em primeiro lugar porque, normalmente, já é muito difícil encontrar tais estruturas; em segundo, porque é muito difícil identificá-las; e, em terceiro, porque normalmente elas não estão muito bem preservadas. A equipe examinou indícios de vegetação e estalactites encontrados no túnel com o método de datação do carbono 14 e também com o que mede os níveis de materiais radioativos. Para os especialistas, a descoberta é importantíssima porque estabelece uma data precisa para um evento bíblico. Com isso, os cientistas não precisam mais se basear em interpretações e cálculos aproximados para situar determinadas passagens históricas. Eles frisaram, entretanto, que a datação não constitui prova de que uma raça ou comunidade em particular tenha se estabelecido em Jerusalém antes de outra, e não deve ser usada para qualquer tipo de alegação de primazia. O túnel é apontado como uma grande obra de engenharia e, até hoje, abastece a cidade de água. Fonte: www.oglobo.globo.com

O CÓDIGO DA BÍBLIA

O assunto do "Código da Bíblia" já circula há vários meses. Quase todas as grandes revistas noticiaram a "descoberta". O código foi vendido como sensação e o livro escrito a respeito tornou-se um bestseller. O matemático israelense Eliyahu Rips e o jornalista americano Michael Drosnin estão convictos de que é possível decifrar o código da Bíblia por meio de operações matemáticas por computador. Segundo os autores, no código estariam previstos o Holocausto, a morte de Rabin, a presidência de Bill Clinton, entre outros acontecimentos. Nesse meio tempo, porém, também se ouviram vozes pessimistas questionando ou rejeitando o código. Vários especialistas o classificaram simplesmente como bobagem e acrobacia numérica. A Sociedade Bíblica Alemã tomou posição em uma reportagem intitulada "Deus não fala por códigos" e conclamou a uma avaliação sóbria. A revista "Bibel Report" afirmou que, com talento para combinar as letras de diferentes maneiras, pode-se encontrar praticamente todos os acontecimentos importantes. O procedimento seria semelhante à leitura do destino em formas surgidas do endurecimento de chumbo derretido ou à adivinhação através da leitura da borra de café. De acordo com a Sociedade Bíblica Alemã, é difícil acreditar que Deus tenha falado a Seu povo de forma codificada durante 3.000 anos, e que tiveram de aparecer os senhores Rips e Drosnin (que nem são crentes no sentido bíblico) para descobrir o que Ele de fato queria dizer. Alguns crentes mencionam a passagem de Daniel 12.4 e pensam que, com o código da Bíblia, essa época agora tenha chegado: "Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará". Evidentemente essa passagem não se refere a um código bíblico secreto, mas ao aumento do conhecimento sobre aquilo que já está escrito na Bíblia. O contexto geral de Daniel 12 leva a concluir que esta passagem trata do tempo do fim, quando mais e mais pessoas chegarão ao conhecimento da verdade em Jesus e converter-se-ão. E isto realmente está acontecendo hoje em dia. Caso os senhores Drosnin e Rips tivessem razão, nenhum cristão que crê na Bíblia poderia lê-la sem idéias pré-concebidas. Teríamos de esperar pelas interpretações desses ou de outros "decifradores de códigos bíblicos" para poder predizer acontecimentos futuros. Fica a impressão de que através da tese do "Código da Bíblia" a Palavra de Deus torna-se mais morta do que realmente digna de crédito. Um artigo do boletim "Topic" (12/97) dizia: revelações segundo o método do "Código da Bíblia" também acontecem fora da Bíblia. Seguindo o método do "Código da Bíblia", o matemático australiano Brendan McKay trabalhou com o romance "Moby Dick". Ele chegou aos mesmos resultados "sensacionais" como Michael Drosnin, o autor do livro "O Código da Bíblia". McKay encontrou dados apropriados para acontecimentos como o assassinato de Indira Ghandi, de Martin Luther King, de Yitzhak Rabin e até do trágico acidente de Lady Diana. Não se deve esquecer de que no hebraico não existem vogais. Isso significa que as sílabas são ambíguas e, além disso, as palavras são mais curtas. Dessa maneira, as chances de se encontrar codificações que fazem sentido são muito superiores do que no inglês ou em outros idiomas. Apesar disso, o romance inglês "Moby Dick" (de 1851) já "previu" todos esses acontecimentos terríveis. McKay também realizou cálculos em relação ao nome de Michael Drosnin. Bem próximo ao nome, o matemático australiano encontrou a palavra "liar" – "mentiroso", assim como algumas referências à morte do autor do livro "O Código da Bíblia". A Bíblia é a Palavra de Deus! Nela é descrito o passado, o presente e o futuro, e o que é mais importante: a fé absolutamente necessária em Jesus Cristo. Para compreender isso não necessitamos de nenhum "Código da Bíblia" especial, mas sim do novo nascimento e da orientação do Espírito Santo. Jesus disse em João 3.3: "...se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." E em 1 Coríntios 2.10-12 lemos: "Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim, também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente." Fonte: www.vivos.com.br/147.htm

SOBRE OS DESEJOS (Richard Whateley)

"Se todos os nossos desejos fossem satisfeitos, a maioria dos nossos prazeres seria destruída."(Richard Whateley)

SOBRE A ANSIEDADE (George Muller)

"O começo da ansiedade é o fim da fé; e o começo da verdadeira fé é o fim da ansiedade."(George Muller)

SOBRE O AMOR (C S Lewis)

"O amor de Deus por nós é um assunto muito mais seguro de se pensar do que o nosso amor por Ele."(C S Lewis)

LIÇÃO 09 – O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM - 4° TRIMESTRE 2014 (IEAD/PE)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 09 – O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM - 4º TRIMESTRE 2014

INTRODUÇÃO
O livro de Daniel é um tratado de Escatologia histórica e profética. Nele encontramos diversas profecias acerca
do “tempo do fim” (Dn 8.17,19; 11.6,13,27,35,40; 12.4,9). No capítulo 2 a Pérsia e a Grécia são simbolizadas pelos
braços de prata e ventre de cobre; no capítulo 7 elas são simbolizadas por um urso com três costelas em sua boca e um
leopardo com quatro asas e quatro cabeças; já no capítulo 8, ele descreve uma visão de um carneiro e um bode, que
representam também essas duas potências. Nesta visão, estes dois animais domésticos, exibem de forma precisa o
surgimento, ascensão e queda destes impérios como veremos a seguir.
I – A VISÃO DE UM CARNEIRO: O IMPÉRIO MEDO-PERSA
1.1 A Época e local da visão (Dn 8.1,2). Cronologicamente, este capítulo vem antes do 5. O capítulo 8 tem lugar no ano
terceiro de Belsazar, ao passo que o capítulo 5, como já vimos, marcou o final do governo de Belsazar (Dn 5.30).
Portanto, quando esta visão ocorreu a Daniel, o seu povo continuava exilado em Babilônia. A visão ocorreu em Susã, que
era a capital de Elão e a residência de inverno dos reis persas. Aí tem lugar a história de Neemias e Ester. A visão ocorreu
próximo ao rio Ulai, que é modernamente chamado de Chapur (GILBERTO, 2010, p. 41).
1.2 “E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio...” (8.3). Esse carneiro representa a
segunda potência mundial, a saber, o Império Medo-persa (Dn 8.20). Ele tinha dois chifres (Almeida Revista e
Atualizada), ou pontas (Almeida Revista e Corrigida), que representavam, exatamente, a união dos dois povos, a saber, os
medos e os persas. O chifre que subiu por último representa a Pérsia, a qual se tornou o reino dominante com a subida de
Ciro ao trono. “Daniel contempla na sua visão da noite, que o audacioso carneiro se encontrava “diante do rio”. Isso
descreve o momento em que o general Ciro, comandando seus exércitos medo-persas já se encontrava as margens do rio
Ulai preparando-se para o “assalto” a Babilônia” (SILVA, 1986, p. 150).
1.3 “Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o meio dia; e nenhum dos animais lhe
podiam estar diante dele... ” (Dn 8.4). A expressão “dar marradas” significa bater forte com a cabeça. Esta profecia
anuncia as conquistas do império medo-persa, que guerreou fortemente contra o ocidente (Babilônia); contra o norte
(Lídia) e contra o sul, descrito no texto como “meio dia” referindo-se ao (Egito). Essa é também a interpretação das três
costelas na boca do urso (Dn 7.5). “Ciro, não só conquistou as potências acima mencionadas, mas ainda todas as demais
nações daqueles dias. Foi, realmente o que diz e representa a visão contemplada: “Nenhuns dos animais [povos e reinos]
podiam estar diante dele” (SILVA, 1986, p. 151 – acréscimo nosso).
1.4 “... e ele fazia conforme a sua vontade e se engrandecia” (Dn 8.4b). Em 550 a.C., Ciro, o persa, se rebelou contra os
medos, que até então detinha o poder e se tornou cabeça dos dois povos; esse acontecimento fez com que a Pérsia se
elevasse sobre a Média. Esse também é o significado das passagens registradas em Daniel 7.5, onde lemos que o urso “se
levantou sobre um dos seus lados”; e de Daniel 8.3 onde lemos que um chifre era “mais alto que o outro; e o mais alto
subiu por último”.
II – A VISÃO DE UM BODE: O IMPÉRIO GREGO
2.1 “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e
aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos” (Dn 8.5). Este bode representa o reino da Grécia (Dn 8.5-8,21).
Daniel descreveu que ele vinha “sem tocar no chão”. Isso significa que não houve dificuldade ou barreira durante o
rápido processo de conquistas realizadas pelo Império Grego. “O “chifre notável entre os olhos” representava Alexandre
o Grande. A história diz que Alexandre, quando jovem, educou-se aos pês de Aristóteles, como Paulo aos pés de Gamaliel
(At 22.3). Aristóteles foi discípulo de Platão. Juntos, esses dois filósofos eram chamados de “os dois olhos da Grécia”
(SILVA, 1986, p. 152 – acréscimo nosso).
2.2 “Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo
o ímpeto da sua força. [...] e feriu o carneiro e lhe quebrou as duas pontas [...] e o lançou por terra e o pisou aos pés;
não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão” (Dn 8.6,7). Daniel descreve uma profecia que já teve seu
cumprimento na história, a saber, o império Grego simbolizado pelo bode, guerreando contra o império Persa,
simbolizado por um carneiro. O poderoso bode não apenas feriu o carneiro como também lhe quebrou ambos os chifres.
“O presente versículo foi escrito antes de seu cumprimento (talvez 200 anos antes). Alexandre combateu, de fato, o
Império Medo-persa, mais ou menos em 331 a.C. E esta profecia foi escrita por Daniel, mais ou menos em 539 a.C.
É uma predição notável o choque de dois Impérios mundiais” (SILVA, 1986, p. 153 – acréscimo nosso).
2.3 “E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi
quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Dn 8.8). A grande ponta,
como já vimos, diz respeito a Alexandre, o Grande, “um dos guerreiros mais brilhantes dos tempos antigos. Ele foi rei da
Macedônia, fundador do helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega e grande imperador grego. Em doze anos
de reinado Alexandre tinha o mundo a seus pés. Morreu em 323 a.C., em Babilônia, aos 33 anos de idade. As quatro
pontas notáveis que surgiram em seu lugar diz respeito a seus quatro generais que assumiram o império grego depois de
sua morte: Cassandro ficou com a Macedônia; Lisímaco com a Trácia e quase toda a Ásia Menor; Selêuco ficou com a
Síria, Babilônia e Palestina; Ptolomeu ficou com o Egito. Essas divisões correspondem hoje à Grécia, Turquia, Síria,
Iraque e Egito” (GILBERTO, 2010, p. 41).
2.4 “E de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio dia, e para o oriente, e para a
terra formosa” (Dn 8.9). “Trata-se do rei selêucida Antíoco Epifânio, o opressor de Israel no AT, o qual procedeu da
Síria, uma das divisões do império grego, de que já falamos. Ele é conhecido como o "Anticristo do Antigo Testamento",
tal a perseguição que infligiu ao povo judeu no século II a.C., durante o chamado Período Inter-bíblico (período que vai
de Malaquias a Mateus - cerca de 400 anos). Antíoco reinou de 175 a 167 a.C. Ele decidiu exterminar o povo judeu e sua
religião. Chegou a proibir o culto a Deus. Recorreu a todo tipo de torturas para forçar os judeus a renunciarem à sua fé em
Deus. Isto deu lugar à famosa Revolta dos Macabeus, uma das páginas mais heroicas da história de Israel. Epifânio quer
dizer o magnífico. Ele era assim chamado por seus amigos. Seus inimigos o chamavam "Epimânio", que quer dizer
“louco” (GILBERTO, 2010, p. 41).
I

IV – A INTERPRETAÇÃO DAS VISÕES DE DANIEL
Em Dn 8.15-22 diz que o profeta procurou entender a visão, e se apresentou diante dele um ser semelhante a um
homem. Ele ouviu também uma voz nas margens do rio Ulai, que disse àquele ser: “Gabriel, dá a entender a este a
visão” (Dn 8.16). Quando o anjo aproximou-se do profeta, ele ficou assombrado e caiu sobre o seu rosto. E ele lhe disse:
“Entende, filho do homem, porque esta visão se realizará no fim do tempo” (Dn 8.17). O anjo Gabriel, então, deu a
interpretação da visão. Vejamos: O carneiro com duas pontas são os reis da Média e da Pérsia (Dn 8.20); o bode peludo é
o rei da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o primeiro rei, referindo-se a Alexandre, o Grande (Dn 8.21).
No fim do seu reinado se levantará um rei feroz, e será entendido em adivinhações, referindo-se a Antíoco Epifânio
(Dn 8.23). Quanto a profecia de Daniel 8.23-26, muitas interpretações tem sido dadas pelos teólogos e comentaristas das
profecias bíblicas: (1) que ela já se cumpriu no passado, pois refere-se a Antíoco Epifânio; (2) que ela refere-se a um
tempo futuro, pois diz respeito ao Anticristo. Mas, podemos dizer que ela tem um dupla referência, pois, apesar de haver
se cumprido no passado, na pessoa de Antíoco Epifânio, também refere-se ao líder mundial, o Anticristo, que surgirá no
futuro, e dominará sobre todo o mundo, após o arrebatamento da Igreja (Dn 9.26,27; 11.36-45; II Ts 2.3-10; Ap 13.1-10).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, Deus mostrou ao profeta Daniel, em visões, um carneiro e um bode, que representavam os
impérios que surgiriam depois da Babilônia, ou seja: o império medo-persa e o império grego, bem como o surgimento de
Alexandre, o grande e de Antíoco Epifânio, um tipo do Anticristo.

LIÇÃO 09 – O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM - 4° TRIMESTRE 2014 (Prof. Luciano de Paula Lourenço)

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, trataremos da segunda visão que Deus deu a Daniel sobre a ascensão e queda de dois impérios: Medo-Persa e Grego. Estes impérios, tratados no capítulo 7, e representados pelo Urso (Dn 7:5) e pelo Leopardo (Dn 7:6), ganham um sentido especial e particular no capítulo 8. Aqui, eles são representados por dois outros animais, e com caraterísticas especiais: o carneiro (Dn 8:3,4) e um bode (Dn 8:5-9), respectivamente. Ambos eram animais poderosos, mas foram destruídos, porque ninguém prevalece contra o cetro de Deus.

Os elementos históricos da profecia tiveram seu cumprimento no passado, porém, algumas caraterísticas desses dois impérios personificam o futuro de Israel e o que acontecerá no “tempo do fim"(Dn 8:19). Daniel ficou fraco e enfermo diante dos fatos futuros que haveriam de vir. Essa visão prova que Deus é quem dirige a história. Ele tem em suas mãos as rédeas da história do mundo.

I. A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE (Dn 8:3-5).

1. A visão do carneiro (Dn 8:3,4,20). “Aquele carneiro que viste com duas pontas são os reis da Média e da Pérsia” (Dn 8:20).

O texto de Daniel 8:20 é claro: o carneiro simboliza o império Medo-Persa, representado por Dario e Ciro, respectivamente. Não mais aquele “urso” faminto do capítulo 7:5; já enfraquecido, é agora representado ao profeta Daniel como sendo um animal doméstico – carneiro -, em vez de uma fera selvagem – o urso.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Daniel descreve o carneiro de três maneiras distintas.

Em primeiro lugar, fala que ele tem dois chifres (Dn 8:3,20). Essa é uma descrição do império Medo-Persa que se levantaria para conquistar a Babilônia. Na mesma noite em que o rei Belsazar fazia uma festa e zombava dos vasos do templo, a Babilônia caiu nas mãos dos medo-persas. 

Em segundo lugar, fala que tal carneiro é irresistível (Dn 8:3,4). A união dos Medos e Persas em um só império criou um exército poderoso que conquistou territórios para o oeste (Babilônia, Síria e Ásia Menor), ao norte (Armênia) e ao sul (Egito e Etiópia). Nenhum exército existente naqueles tempos tinha a força ou a capacidade necessária para deter o avanço dos Medo-Persas.

Em terceiro lugar, fala que o carneiro engrandeceu-se (Dn 8:4). Nenhum exército naqueles dias podia resistir ou deter o avanço do reino medo-persa. Isso levou esse reino a tornar-se opulento, poderoso e cheio de soberba. Por isso, engrandeceu-se, e aí estava a gênese de sua futura queda.

2. Os chifres do carneiro. “E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por último” (Dn 8:3).


Daniel contempla na sua visão que o audacioso carneiro tinha “duas pontas”, pontiagudas; mas, uma delas era mais alta do que a outra. O chifre maior é uma descrição do poder prevalecente dos persas na liderança do império. Na cronologia histórica, Ciro, o persa, tomou o lugar de Dario, o medo. Eventos importantes aconteceram no período desses dois reis até que o carneiro foi vencido, surgindo na visão de Daniel a figura de um bode que ataca o carneiro e o vence.

Na cultura persa, a figura do carneiro era muito popular. Esse animal é sempre referido ao macho das ovelhas. Simboliza força e bravura na defesa da sua família. Seus chifres são símbolos do poder de domínio e autoridade do carneiro para defender seu rebanho. O símbolo mais importante dos Medos-Persas era a cabeça de ouro de um carneiro que fazia parte da coroa real.

3. A visão do bode (Dn 8:5-8). “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos” (Dn 8:5).

O profeta Daniel, em sua grande visão deixa um pouco de lado o carneiro (império medo-persa) e agora dá destaque outro animal – o bode. O bode é uma descrição profética acerca do império Greco-Macedônio. No capítulo 7:6, ele é representado pelo “leopardo”. Agora, em Daniel 8:4 ele é representado pelo “bode voador”. Em sentido profundo da exegese, o bode representava o poderoso exército Greco-Macedônico comandado por Alexandre Magno, enquanto que a “ponta notável entre os olhos” representava o próprio Alexandre – “mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei” (Dn 8:21). Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, Daniel elenca quatro fatos a seu respeito:

Em primeiro lugar, fala da rapidez de suas conquistas (Dn 8:5,21). As conquistas de Alexandre foram extensas e rápidas. Em apenas treze anos Alexandre conquistou todo o mundo conhecido de sua época.

Em segundo lugar, Daniel fala do poder desse líder (Dn 8:5). Alexandre é descrito como o chifre notável. Foi um líder forte, ousado e guerreiro. Era um homem irresistível, um líder carismático, com punho de aço.

Em terceiro lugar, Daniel fala dos triunfos de Alexandre sobre o império Medo-Persa (Dn 8:6,7). O poderio e a força de Alexandre são descritos na maneira como enfrentou o carneiro: (a) fere-o; (b) quebra seus dois chifres; (c) derruba-o na terra; e (d) pisoteia-o.

Em quarto lugar, Daniel fala do engrandecimento e queda de Alexandre e seu reino - E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Dn 8:8). “O engrandecimento de um império é ao mesmo tempo prelúdio de sua queda e decadência. Quanto mais se aproxima do auge de seu poder, tanto mais perto está também de seu fim". A Grécia não foi uma exceção.

Daniel 8:8 profetiza a morte inesperada de Alexandre Magno na Babilônia, em 323 a.C, exatamente quando ele queria reconstruir a cidade da Babilônia, contra a palavra profética de que a cidade jamais seria reconstruída.

Após a morte de Alexandre e a divisão de seu reino entre quatro generais (Dn 8:22), o grande império grego desintegrou-se e enfraqueceu-se. A profecia acerca de Alexandre cumpriu-se literalmente, duzentos anos depois da profecia dada a Daniel.

II. O CHIFRE PEQUENO (Dn 8:9)


1. A visão da ponta pequena. “E de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa”.

Daniel passa a falar sobre um pequeno chifre, diferente daquele descrito no capítulo 7. Esse é apenas um protótipo daquele. Vejamos como ele é descrito, segundo o comentário do Rev. Hernandes Dias Lopes:

Em primeiro lugar, Daniel fala sobre sua procedência (Dn 8:8,9,22). O pequeno chifre do capítulo 8 não deve ser confundido com o pequeno chifre do capítulo 7:8. A origem do 7:8 é o quarto império (o império romano). A origem do 8:9 é o bode, o terceiro império - o império grego.

O pequeno chifre do capítulo é um personagem futuro e profético para Daniel, mas para nós, um personagem do passado; enquanto o pequeno chifre do capítulo 7:8 é um personagem escatológico para Daniel e para nós.

O pequeno chifre de Daniel 8:9 é o principal precursor do Anticristo escatológico. Principal porque muitos anticristos precursores do Anticristo escatológico já passaram pelo mundo (1João 2:18), mas nenhum reuniu em si tantas características como esse de Daniel 8:9.

Esse pequeno chifre do capítulo 8 é o rei selêucida Antíoco IV, chamado de Antíoco Epifânio, que reinou na Síria entre 175 a 163 a.C.

Em segundo lugar, Daniel fala sobre sua megalomania (Dn 8:11,25). Em seu coração ele se engrandeceu. Antíoco declarou ser deus. Mandou cunhar moedas que de um lado tinham sua efígie e do outro as palavras: "Do rei Antíoco, o deus tornado visível que traz a vitória”.

Em terceiro lugar, Daniel fala sobre sua truculência (Dn 8:9,10). Alguns imperadores romanos identificaram-se com o Anticristo escatológico, tais como Nero Domiciano, por exigirem adoração de seus súditos. Hitler foi identificado com ele por sua feroz perseguição aos judeus. Outros governadores antigos e contemporâneos por perseguirem os cristãos como nos regimes totalitários e comunistas. Mas ninguém se assemelhou tanto ao Anticristo escatológico comoAntíoco Epifânio.

Esse rei selêucida foi um feroz perseguidor dos judeus (Dn 8:24). Porque os fiéis judeus não se prostravam diante dos ídolos foram duramente perseguidos por ele. Calcula-se que cem mil judeus foram mortos por ele. O Anticristo escatológico também será implacável em sua perseguição aos cristãos e aos judeus no período da Grande Tribulação que virá – “E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (Ap 13:15).

Em quarto lugar, Daniel fala acerca de sua blasfêmia (Dn 8:23-25). Ele será um usurpador. Como o Anticristo quererá usurpar o lugar de Cristo, Antíoco também foi um usurpador. No seu tempo, a Palestina pertencia ao Egito dos ptolomeus, mas ele, astuciosamente, aproveitou-se da divergência entre os judeus que estavam divididos em dois partidos, e levou-os a se aliarem a ele, rompendo com o Egito (Dn 8:23-25). Quando os judeus se aliaram a ele, logo os explorou e os perseguiu cruelmente até à morte.

2. A ultrajante atividade desse rei contra Israel (Dn 8:10,11). “E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”.

Segundo o Rev. Hernandes Dias LopesAntíoco Epifânio fez cessar os sacrifícios na Casa de Deus e profanou o templo. Em 169 a.C, ele saqueou o templo e proibiu os sacrifícios, à semelhança do que vai acontecer com o Anticristo escatológico (cf. 2Ts 2:4; Ap 13:6).

Por ordem de Antíoco, o templo foi profanado da maneira mais vil, indecente e imoral. O santuário de Jerusalém foi chamado de “TEMPLO DE JÚPITER OLÍMPICO”. Ele profanou o templo quando colocou a própria imagem no lugar santíssimo e mandou matar sobre o altar um porco e borrifar o sangue e o excremento pelo santuário, obrigando os judeus a comerem a carne do porco, dentro do templo, sob ameaça de morte. Mandou ainda edificar altares e templos dedicados aos ídolos, sacrificando em seus altares porcos e reses imundas.

O livro de Macabeus descreve a soberba e a perversidade de Antíoco na profanação do templo de Jerusalém:

“E entrou cheio de soberba no santuário, e tomou o altar de ouro, e o candeeiro dos lumes, e todos os seus vasos, e a mesa da propiciação, com as bacias, e os copos, e os grais de ouro, e o véu, e as coroas, e o ornamento de ouro, que estava na fachada do templo: e quebrou tudo [...] E fez grande matança de homens, e falou com grande soberba”.

Dessa forma, esse rei tornou-se o maior protótipo do Anticristo que virá (Dn 9:27; Ap 13:5; 2Ts 2:3,4). Ele blasfemou contra Deus, contra o culto e contra o povo de Deus.

3. A purificação do santuário (Dn 8:14). “E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”.

O tempo de sofrimento de Israel é revelado a Daniel com linguagem especial ao estabelecer um tempo de "2.300 tardes e manhãs" que literalmente, referem-se às atrocidades de Antíoco Epifânio num período de 171 a 165 a.C. Em Dn 8:14 o Senhor revela que depois daquele período de sofrimento, Ele haveria de purificar o santuário. Essa promessa implica na limpeza da profanação imposta por esse líder cruel contra a Casa de Deus. Os judeus até hoje fazem a celebração da purificação ou dedicação, ou seja, a Festa de Hannakah, que lembra a festa da purificação. Jesus esteve durante esta festa, em Jerusalém – “E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno” (João 10:22).

Existe um segmento religioso, bastante conhecido, que interpreta este texto de Daniel 8:14 de forma equivocada. Os líderes e seguidores deste segmento religioso, dizem que esses 2.300 dias são 2.300 anos proféticos; e dizem que essa contagem teve início no ano 457 a.C. Segundo eles, Jesus em vez de vir à terra no final desses anos, entrou em 22 de outubro de 1844 no lugar santíssimo do santuário celestial – para levar a efeito a obra final da redenção (cic). Esse ensino é também conhecido como a redenção incompleta.

Refutamos veemente este ensino desse segmento religioso. Em primeiro lugar, porque a Bíblia ensina claramente que na sua ascensão, o Senhor Jesus entrou diretamente na presença do Pai, no Santo dos Santos (At 7:55; Rm 8:34; Ef 1:20; Cl 3:1). Em segundo lugar, porque Jesus é apresentado na Bíblia, até o período atual, como Sacerdote (Hb 4:14,15; 8:1) e Advogado (Rm 8:34; Hb 7:25; 1João 2:1), e não como juiz.  Quanto à redenção, a Bíblia declara que ela foi completa e acabada na cruz, de uma vez por todas (João 19:30; Hb 1:3; 9:11,12; 10:12-14). Outrossim, a data de início da contagem dos 2.300 dias é 445 a.C (baseado em Dan 9:25, quando Artaxerxes estava no 20º ano do seu reinado), e não 457 a.C., como afirmam os adeptos desse segmento religioso. Virá ainda o Dia em que o Senhor julgará a todos (Rm 2:16).

III. ANTÍOCO EPIFÂNIO, O PROTÓTIPO DO ANTICRISTO


1. Antíoco Epifânio. Antíoco IV Epífânio (que significa: "que se manifesta com esplendor") foi um rei da Dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 e 164 a.C. Este déspota foi o maior protótipo do Anticristo. Este imporá uma única religião em seu reino e perseguirá e matará os que não se conformarem a ele (Ap 13:12,15). Antíoco Epifânio fez a mesma coisa em seu reino. A posse do Livro Sagrado, o Antigo Testamento, e a observância da lei de Deus eram punidas com a morte. Muitos judeus foram mortos por se manterem fiéis a Deus.

O Anticristo se levantará em tempo de grande apostasia. Como a apostasia do período do fim abrirá a porta para o Anticristo (2Ts 2.3,4), também muitos judeus, à época do rei Antíoco Epifânio, haviam se afastado da lei de Deus e adotado costumes dos gentios (Dn 8:12,23). Deus castigou Israel por causa de seus pecados. Quando no fim dos tempos a humanidade estiver suficientemente corrompida, ela estará pronta para receber o Anticristo.

2. Daniel descreve derrota do protótipo do Anticristo (Dn 8:25). “E, pelo seu entendimento, também fará prosperar o engano na sua mão; e, no seu coração, se engrandecerá, e, por causa da tranquilidade, destruirá muitos, e se levantará contra o príncipe dos príncipes, mas, sem mão, será quebrado”.

Antíoco Epifânio foi derrotado sem o auxílio de mãos humanas. Ele foi morto não em combate, mas por uma súbita doença, em Elimaida, na Pérsia. O segundo livro de Macabeus diz que sua morte foi das mais horrorosas. A queda do Anticristo será assim também. Não será morto num combate humano, mas pela manifestação da vinda de Cristo (2Ts 2:8; Ap 19:20).

3. O tempo do fim (Dn 8:17). “E veio perto de onde eu estava; e, vindo ele, fiquei assombrado e caí sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem, porque esta visão se realizará no fim do tempo”.

O anjo Gabriel diz a Daniel que esta visão se cumprirá somente no “tempo do fim”. Este “tempo do fim”, aqui, refere-se a septuagésima semana profética, descrita em Daniel 9:24-27, com especial referência à metade dela, na parte final, que, no Apocalipse, é chamada “A Grande Tribulação”. No Novo Testamento, a expressão “os últimos dias”, em At 2:17; 2Tm 3:1; Hb 1:1, é equivalente, no grego, ao “tempo de fim”, e, o sentido geral, é mais amplo que em Daniel, pois é aplicado à época da Igreja, à época do Espírito Santo em sua plenitude.

4. Encerramento da visão (Dn 8:27). “E eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, levantei-me e tratei do negócio do rei; e espantei-me acerca da visão, e não havia quem a entendesse”.

Ao ver todas as coisas terríveis que viriam sobre a sua nação e tudo o que aconteceria com o seu povo, Daniel adoeceu por alguns dias. Ele tinha quase 90 anos de idade. Naturalmente, toda aquela visão requereu dele, um estado de êxtase espiritual que, quando voltou ao normal, não tinha forças para ficar em pé. O mesmo aconteceu com João, na Ilha de Patmos. Entretanto, após um tempo, levantou-se novamente e foi tratar dos negócios do rei. A situação que contemplou certamente causou grande pesar, mas não derrubou a sua fé, nem o seu testemunho ou sequer impediu que continuasse o seu serviço.

Hoje, a situação do mundo, de Israel e dos “crentes” realmente não são motivos de riso, mas à semelhança de Daniel, não devemos nos  abater; precisamos continuar cuidando dos negócios do nosso Rei e Senhor, Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

Deus mostrou a Daniel que as rédeas da história não estão nas mãos dos poderosos deste mundo, mas nas mãos daquele que está assentado no alto e sublime trono. A história do mundo faz parte dos desígnios do Deus Todo Poderoso, e o futuro da humanidade e dos reinos deste mundo estão sob o Seus Onipresente olhar. Toda honra e louvor sejam dada ao Seu glorioso e bendito nome!